quinta-feira, 27 de junho de 2013

Prólogo de O Diário de Eleanor, segunda parte da Trilogia da Salvação de Banshee



Boa noite, pessoal,

Para todos aqueles que já leram "Banshee - Os Guardiões" e se perguntam onde está a continuação: aqui está ela! "O Diário de Eleanor" é o segundo livro da Trilogia da Salvação. Eu ainda não terminei, mas estou trabalhando nele. E para que vocês já possam "entrar no clima" eu vou postando aqui "uns poquim". :)

Obs.: Para você que ainda não leu "Banshee - Os Guardiões"  ou nunca sequer ouviu falar sobre a Trilogia da Salvação, clique aqui e fique por dentro.


Divirtam-se!


Prólogo 


No grande pátio dourado de Nitzará, a Deusa desfaleceu, de repente. Sentinelas correram até ela. Uma mulher foi buscar o Deus. 
 – Diana! – gritou o Deus, que corria para alcançá-la. 
Em seus braços a Deusa mudava de forma, era Donzela, Mãe, Anciã. Seu corpo ficava transparente e voltava ao normal. 
– Os Guardiões, amado. A Maleficus Animus está com Fainche e Feolán. – dizia ela com a voz fraca. 
Semideuses, Espíritos e outras criaturas aglomeravam-se em torno dos Deuses da Criação. Assim como estavam, o Deus ajoelhado no chão com a Deusa no colo, pareciam tão fracos e vulneráveis. Algumas mulheres do público levavam a mão à boca e as primeiras lágrimas começavam a rolar por seus rostos. Desde o primeiro ataque, há tantos milênios, à Grande Mãe, ela vinha perdendo as forças, gradativamente. Ao ponto de quase desaparecer por completo. Mas as Grandes Rainhas de Banshee e os outros escolhidos haviam lutado com todas as forças para manter em segurança Mãe Amor e garantir a que a Deusa continuasse existindo. Mas agora os sacerdotes de Sanerán mantinham um pedaço do Triângulo de Poder em cativeiro. Nitzará sabia que aquela era a última oportunidade de contornar a situação e fazer com que a Deusa se recupere e volte a reinar. 
O corpo do Deus também ficava transparente e voltava ao normal 
– Estamos desaparecendo. Estamos desaparecendo outra vez, meu caro. 
Os Deuses abraçaram-se. O silêncio no Reino dos Grandes Deuses era sepulcral. Repentinamente, o vento ficou mais forte e o dia virou noite. O Deus da Morte surgiu em seu cavalo negro. O cavalo flutuava sobre o pátio. Pousou. 
Hathya, o Deus da Morte aparecia hoje com sua foice, sua face de caveira e sua túnica negra. Os súditos afastaram-se em silêncio dos Deuses, à medida que ele aproximava-se deles. Tantas vezes eles receberam a presença de Hathya ao longo dos milênios, mas era apenas a segunda vez que ele vinha para levar alguém. 
A Deusa levantou-se, apoiada em seu consorte e caiu novamente. Ele amparou-a. 
– Hathya, por favor, não faça isso. – implorou o Deus. 
Sempre era assim, as pessoas imploravam. Mas a morte só fazia o seu trabalho e não gostava de ser o deus mais odiado do Universo. Era injusto. Todos morrem. Todos precisam morrer, mas ninguém aceita o Cilco da Vida porque dói e dói todas as vezes, em todas as vidas, em todas as criaturas. 
Hathya sabia que um deus sem função, não tinha razão para continuar vivendo. Não, ele não queria levar nenhum dos dois consigo, mas a vida tem ganhadores e perdedores e os Deuses da Criação estavam perdendo. A morte achava estranha a ideia de levar um deus consigo e não aceitava que aqueles seriam os deuses destinados a desaparecer. Mas Hathya não tinha sentimentos, pelo menos, ele não podia tê-los e era sua ofício levar embora aqueles que já cumpriram seu destino. Se ele tivesse um coração, ele choraria. Ele estendeu sua mão para a Grande Mãe. E falou com sua voz grave, melodiosa, calma e melancólica. 
– Precisa vir comigo, Ceridwen. 
A Deusa estendeu sua mão e segurou os ossos esticados à sua frente. Ele puxou-a com delicadeza para si e olhou para o Deus. 
– Sua hora também se aproxima, Cernunnos. 
Hathya olhou em volta. O silêncio permanecia, quem chorava não ousava soltar um soluço sequer. Era a segunda vez que ele levava a Deusa para seu reino. Da primeira vez, ela conseguira fugir, mas ele sabia que essa, muito provavelmente, seria a última vez. A Grande Mãe jamais teria outra chance de reinar e Sanerán tomaria o controle sobre as almas. Hathya não gostava de Sanerán. Não por ele ser mau, Hathya sabia que a maldade era uma qualidade mal interpretada e mais do que isso, ele sabia que não poderia haver Luz sem Trevas. Ele não gostava de Sanerán, porque ele era injusto e egoísta, porque ele era mentiroso e machista, porque causava medo ao invés de respeito, porque sua magia era desiquilibrada e porque ele exigia mais do que dava. Sanerán não deveria governar, mas era o mais forte e essa era a Lei: os fortes permanecem. A irmandade montaria o Triângulo de Poder e libertaria Deímanon. 
A Deusa olhou em volta e procurou forças para falar. 
– Brianna me trará de volta, meus amados. Eu renascerei, como ela renasceu. Acreditem, não percam a fé. Usem as suas energias para ajuda-la. Ela me trará de volta. 
Brianna... Hathya conhecia Brianna muito bem. Quantas vezes ele esteve ao seu lado porque ela o chamara. Quando estava sentada na banheira pronta para cortar os pulsos. Quando dirigia seu carro a toda velocidade na tempestade. Quando preparava-se para jogar-se em frente a um trem. Quando tomava cocktail de remédios. Todas as vezes ele fora até ela e não permitira que tirasse a própria vida, porque ela ainda não havia cumprido seu destino. Ele não sabia se depositar todas as esperanças em Brianna era uma ação realista ou se era justo. Pobre menina, mais uma vez ela cumpria um destino complicado e doloroso. Mas sua alma era forte e antiga, e já tinha superado muitas experiências trágicas de outras vidas, talvez ela tivesse uma chance. Se Hathya tivesse um coração, ele sorriria. 
Devagar, o Deus da Morte colocou a Deusa Mãe sobre seu cavalo e montou. Ele olhou uma última vez para o Deus e todos os outros, que assistiam à cena com muita dor e desesperança no olhar. Ele falou uma última vez com sua voz serena e pesada. 
– A Era de Aquarius é a última oportunidade que têm de salvar mãe Amor e Nitzará, vocês bem sabem disto. Só não se esqueçam que Brianna é mortal e se ela tem que ser a mulher a encontrar a Chave, é bom que ela se apresse. Mortais são fugazes. Façam a coisa certa. 
Hathya desapareceu no horizonte, carregando a Deusa consigo. O Deus sentiu-se mal e sentia que Hathya logo voltaria para busca-lo. 
– Seja forte, Brianna, seja forte. – disse ele para si mesmo. E contorceu-se de dor.

2 comentários:

  1. Adorei, e quando vou poder ler ele todo? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Helô

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