segunda-feira, 13 de maio de 2013

Você já viu o Vento?

        


Chegando ao Brasil de avião eu me deparei com uma imagem nova, intrigante... eu vi o vento. Ele batia na quina da asa e voava por cima dela, e com a luz do sol refletida eu o pude enxergar. 
Assim como todos, eu sei que o vento não se vê. O vento se sente, se escuta e até se cheira. Ele é transparente. Invisível. Mas eu vi o vento. E naquele momento eu pensei em todas as coisas que eu sinto e não vejo. Todas aquelas coisas que fazem tanta diferença na minha vida quanto o vento, porém são intocáveis; inexplicáveis... E o mais importante, tão reais quanto o vento. 
      Pensei nos momentos abatidos da vida, momentos de depressão, momentos esses no qual a alma vai sendo atingida por muitas dúvidas e angústias, que deixam o coração entristecido e o olhar fosco. Problemas que nós mesmos desenvolvemos, que atacam-nos misteriosamente. Não sabemos de onde vêm, para onde vão. A única coisa que sabemos é que eles nos destroem como um furacão destrói uma casa de concreto. A comparação foi inevitável. Esses períodos da vida são furacões, que não vemos, só sentimos. E derrubam os alicerces do nosso ser, com a violência de uma natureza que tem o que dizer, que precisa ser ouvida, sentida, tocada e vista. 
      E quantas não são as vezes em que nos deixamos descarrilar por ódio, paixão ou dor? E quantas não são as vezes em que não lutamos contra esses sentimentos com o argumento de não vê-los? Eles nos destroem, nos derrubam, nos sufocam, nos deixam sem abrigo, sem futuro; sem esperança. 
    Somos covardes demais para nos desligarmos do nosso passado, dos nossos fantasmas, que a nos perseguem e assutam. E nós o deixamos quebrar nossas paredes. Sim, porque somos nós que não nos protegemos contra a força destrutiva dos ventos da vida, somos nós que recusamo-nos a construir uma moradia mais forte para alma. Nós os deixamos varrer nossa dignidade, amor próprio e motivação. 
      Naquele segundo eu quis chorar lágrimas transparentes, que quase invisíveis e, no entando, verdadeiras e presentes. Porque ali, sobre as nuvens eu tive a resposta que os Deuses me prometeram, eu vi o que não se pode ver. E isso me deu a certeza de que a invisibilidade de um sentimento não diminui o perigo que ele representa e que assim como o vento se transforma em furacões e arrasta, machuca e desabriga; também pode acariciar e tornar ainda mais agradáveis as noites de verão. 
     Porque bem e mal andam de mãos dadas em uma só criatura para o equilíbrio das vidas e é preciso saber lidar com eles para reerguer as paredes destruídas. É, eu compreendi que eu deveria refazer os meus alicerces, porque o vento que me jogou no chão mostrava-me sua face pela primeira vez, em sinal de ajuda. Eu me levantei e segui em frente, pois eu enxerguei o impossível... 

E você? Você já viu o vento?

Um comentário: